quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Puma Rallye

Pouco se falou na época, pouco se fala hoje em dia. A Puma fabricou sim uma versão chamada Puma Rallye. Tudo começou em 1971... mas essa história eu deixo para ser contada pelo meu amigo Péricles Cruz do Rio de Janeiro, abaixo na foto com seu GTE 1800 Rallye 1973 em 2007 na Exposição de Águas de Lindóia."Quando comprei o “roxinho” em Londrina que, na época da compra estava pintado de cinza grafite metálico - esta é outra história sobre a restauração dele que você vive me pedindo e prometo que vou contar - descobri que era um 1800 na plaqueta de identificação.
Resolvi então que, junto com a restauração eu iria levantar a história destes modelos e o que acabei apurando foi o seguinte:

Em 4 de julho de 1971 o piloto Jan Balder participou do 1º Rali de Integração Nacional para veículos nacionais com um Puma 1600 cc, nº 39 da Equipe MM. Tinha como navegador Alfred Maslowski e a dupla venceu o Rali.
Como prêmio, ganharam um convite para participar do 5º Rallye Internacional TAP realizado em Portugal no período de 6 a 10 de outubro de 1971.
Desta vez correram com um Puma 1800 cc, nº 132 também da Equipe MM. Este carro não tinha nenhuma modificação considerável no interior a não ser itens de segurança bem precários e externamente a adição de dois faróis de milha na dianteira e uma tomada de ar sobre a tampa do motor. Sem experiência em ralis de velocidade e sem apoio técnico adequado a dupla Jan Balder e Alfred resolveram desistir na metade da prova.
Mas, a participação em um Rallye internacional trouxe para a Puma (Fábrica) uma certa notoriedade e, como os Pumas eram carros especiais já naquela época, no ano seguinte (1972) a Fábrica recebeu encomendas de carros com a mesma preparação utilizada no Rallye de Portugal, ou seja, motor 1800 cc, reservatório de óleo ao lado do motor com sistema de carter seco, dupla carburação 40 e radiadores de óleo (2) na dianteira com as tomadas de ar em baixo dos pára-choques. Neste ano a fábrica incluiu também a caixa de marchas do recém lançado SP2, pois era mais longa.
A partir daí surgiu o nome (ou apelido como queira) de Puma Rallye, devido à semelhança de configuração com o carro que competiu em Portugal.
Estas encomendas (e respectivas montagens) foram feitas em 1972 e 1973 com identificação nas plaquetas da fábrica. O número de Pumas montados pela fábrica com esta configuração não é preciso. Algumas fontes falam de apenas seis carros e outras fontes falam em dez carros. De qualquer forma, possivelmente foram poucas unidades montadas, pois, se um Puma já era caro para a época, imagine um Puma especial.
Em uma pesquisa nos livros da fábrica, com a inestimável ajuda de nosso amigo Rossato (meus sinceros agradecimentos a ele), pude ver que não há registros das montagens especiais nos anos de 72 e 73 (com uma certa lógica, pois a fábrica não se preocupava com registros refinados). O que pude observar no livro de 1973 referiu-se apenas à cor do carro. Na tonalidade violeta metálico foram apenas oito carros pintados neste ano (se isto tem a ver com os “Rallyes”, não sei).
Enfim, a designação Puma Rallye embora não tenha sido oficializada na Fábrica, ficou como identificação de alguns Pumas com a história que te contei.
Atualmente, tenho conhecimento apenas da existência de apenas dois destes carros.
Um é o do Paulo Lomba, laranja, ano 1972 e o outro é o “roxinho” 1973.
Para melhor ilustrar esta pequena história seguem algumas fotos: o Puma prata do Rali Nacional, o Puma verde do Rallye de Portugal, o pôster do Rallye da TAP, o “roxinho” como era e o “roxinho” como ficou.
Grande abraço
Péricles"

Essa foto tirada na participação do GTE 1972 em Araxá 2006, onde foi premiado.
Paulo Lomba participa de inúmeros eventos e rallyes de carros antigos. Os dois únicos sobreviventes desse modelo, o qual temos notícias, ainda exibem impressionante originalidade, como o roxinho ( GTE 1800 Rallye ) abaixo, depois da restauração.
Antes ele era assim.
Depois em 2005.
O emblema original (foto Péricles).
Infelizmente o tecido do centro dos bancos não fabricam mais.
O motor 1800 cc todo original...
...ainda é auxiliado pelo reservatório de óleo.

12 comentários:

Leo Gaúcho disse...

Putz, exelente esplanação., parabéns Péricles, fez umm exelentre trabalho de restauração neste seu carro!Parabéns.Felipe, os radiadores de óleo estavam localizado naquela abertura lateral na frente, é isso?Lá onde na 69/70 era a lente de seta, correto?Na Rally que estava em Portugal tem o mesmo capô do motor da "S" não é?Parabéns pessoal!

Almendra disse...

Ola,
Para ajudar num detalhe: uma das Pumas 73 violeta metálico é a minha. E ela não era Rally.
Um abraço
Carlos

Felipe Nicoliello disse...

Leo,
Sim, é isso.
O Puma Rallye em Portugal tinha entrada de ar no capô traseiro, idêntico aos primeiros Puma GT Exportação, antes da sigla GTE, portanto antes da série "S".

Carlos,
Mande fotos de seu carro para meu e-mail, ele ainda é roxo? Não ligue se ele estiver feio ou bonito, Puma é sempre Puma.
felipe@pumaclube.com.br

Anônimo disse...

Quem quiser saber mais a respeito deste Rallye da Integração Nacional, procure o livro autobiográfico de Jan Balder, intitulado "Nos bastidores do automobilismo brasileiro". E Felipe, este teu blog está cada vez mais interessante e didático! Mas falando em livro, tu não pensas em publicar algo sobre a história do Puma? Na carente bibliografia nacional, seria um livro e tanto!!
Abraço a todos
Cassiano Scherner-Porto Alegre/RS
P.S.: Link para quem quiser ver maiores detalhes sobre o livro de Jan Balder:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=1823827&sid=01379623210927726233853174&k5=2EAC0B10&uid=

Felipe Nicoliello disse...

Cassiano,
Muito obrigado pela informação, história bem contada sempre é muito bom.

Taí moçada, quem quiser saber mais sobre esse grande piloto, é só ir no link citado pelo Cassiano.

Esse blog é uma preliminar para eu aprender mais sobre publicações, e um livro, um dia sai. Abraços.

Unknown disse...

Existe algum molde para refazer a entrada de ar nos parachoques das Rally?

Felipe Nicoliello disse...

Rodrigo,
Que eu saiba não. Afinal existiram tão poucos carros, que acredito que somente a fabrica tinha esses moldes para reparação.
Se vc tiver um Puma Rallye e foram tampados os burracos, provavelmente existem as marcas no local, lixando sempre aparece ou veja pelo lado interno.

Chico Rulez! disse...

Antes de mais nada, parabéns pelo blog e pelas explicações. Essa roxinha foi vendida ao pai de um amigo e agora está em Belo Horizonte. Tirei várias fotos do carro, que estão disponíveis aqui. Abraço!

Anônimo disse...

Olá Felipe,
Pelo que vejo, não sou o único a cobrar um livro sobre o nosso mais precioso carro.
Capacidade e conhecimento para isto, você esbanja.
Quer uma amostra? Compare seu Blog com as duas publicações sobre fuscas, Almanaque do fusca e Fusca uma Paixão.Os dois estão repletos de erros básicos e grosseiros, o que nos tira a confiança nas informações contidas.
Ao contrário de seu Blog, onde usamos as informações para nossas restaurações.
Vamos começar a dar forma a esta idéia?
Seu livro será um Best Seller sem nenhuma dúvida.Você sabe que poderá contar com os amigos
Estamos todos aguardando anciosamente.
Abraço.

Felipe Nicoliello disse...

Obrigado Fernando, sempre um grande amigo.
Vamos ver, o tempo é que dirá se sai ou não sai.

Henrique Mendonca disse...

http://petrolicious.com/have-you-ever-seen-a-svelte-brazilian-puma-1800-gt-rallye

Daniel Pardo disse...

O caboclo que hoje for o atual proprietário desse Puma 1.800 precisa ser um cara muito responsável, pois só sendo assim para resistir a tentação de não pisar fundo num carro desses. :D :D :D :D