Idealizada para atender os anceios dos antigomobilistas brasileiros e concretizada por Roberto Nasser em aprovação no Congresso Nacional.
O Certificado de Originalidade (C.O.) para obtenção da Placa Preta (PP), além de atestar a originalidade do veículo, serve para que os colecionares não tenham que adaptar equipamentos modernos em veículos antigos, para atender as exigências legais do Contran. Esses equipamentos as vezes alteravam o visual do veículo antigo, comprometendo a história. Em uma ilustração bem radical, vocês já imaginaram um DKW com catalizador? Ou um Ford T com lanternas de direção (setas)? Nem pensar, no primeiro caso a fumaça azul seria extinta e deixaríamos de ouvir intensamente aquele ronquinho pipocado, isto é, se funcionasse. No segundo caso, veríamos um calhambeque com lanternas de caminhão penduricalhas. E aí, em um diálogo em alguma exposição de antigomobilismo, o garotinho pergunta para o pai:
"-Porque esse carro tem rodas de madeira?
-Porque era assim que se fabricava as rodas.
-E porque as lanternas desse calhambeque é igual do seu caminhão novo?
-Pergunta difícil heim Joãozinho!"
Então para preservar a imagem do veículo, da forma como ele circulava nas ruas, com suas virtudes e seus problemas, nasceu a PP.
Como podemos ter a sensação de guiar um Ford A com freios a varão, se a mecanica estiver toda alterada? Ou um DKW, que não tinha freio motor ( bem quase, era muito pouco) com mecanica atual? Essas sensações fazem parte da condução de um veículo antigo em sua época.
Infelizmente o conceito do brasileiro ainda perdura na lei do "Leva Vantagem" e, no caso da PP, não é diferente. Muitos acreditam que dá status e valoriza o carro na comercialização. Nesse pensamento os inecrupulosos acabam fazendo cambalacho e enganando as pessoas, formando uma opinião diferente da inicialmente idealizada. Assim cada vez mais, a sociedade vai desacreditando nesse símbolo, criando uma situação que preocupa os dirigentes do antigomobilismo.
Como exemplo, a F.B.V.A. - Federação Brasileira de Veículos Antigos preocupada com o assunto, está discutindo com seus filiados, procurando fórmulas e alternativas para credibilizar a coleção de seus clubes, evitando uma desmoralização generalizada e a perda dos direitos conquistados.
O Puma Clube, filiado a F.B.V.A., segue a risca as instruções e não permite avaliações de veículos que não podem se candidatar a PP, se estiverem nos itens excludentes, como cor, motor, rodas e carroceria. Suas avaliações são rígidas e atestam com muita propriedade a pontuação obtida pelo veículo vistoriado, sendo no mínimo 80 pontos do questionário de avaliação. Isso não representa 80% como muitos dizem, afinal o questionário tem pontuação diferentes para diversos itens, sempre procurando assim, manter o conjunto o mais próximo possível da originalidade.
Não podemos desanimar com os acontecimentos e devemos abominar as pessoas que falsificam a identificação ou mudam seus veículos após a conquista da PP, pregando o correto e criticando a situação errada para a própria pessoa que faz isso, assim ele deverá pelo menos ficar cheio de ouvir reclamações, inibindo a prática.
Meu Puma não tem o espelho do lado direito e não sou obrigado a utilizá-lo. Nenhum automóvel, em 1974 tinha espelho direito e me perguntam: e como dirigiam? Ninguém ultrapassa pela direita, era proibido, mesmo nas cidades. Hoje com as avenidas de várias pistas, ficou difícil de manter essa regulamentação. E olha que esse fato não é propriedade dos brasileiros, isso aconteceu no mundo inteiro, porque até 1973, se não me engano, os Porsche não tinham espelho direito.