Há pouco mais de um mês, o Jornal do Carro, suplemento do jornal O Estado de São Paulo publicou a matéria intitulada "Conversível diplomado". Nome pomposo e com muita credencial ao veículo estrela da reportagem. Aliás, merecedor, não somente por ser o número 2, mas também pelo seu estado de conservação.
Ao primeiro olhar e para quem não é especialista, esse Karmann Ghia conversível 1967 remete ao leitor a uma época nostálgica. Tudo perfeito, bonito, bem conservado, com cara de Karamnn Ghia antigo e todo original. Original?! Seria se não fosse pelas rodas e calotas.
Na matéria é citado que seu interior na cor bege não é original.
Volante, painel, botões, instrumentos, tudo correto. O emblema VW no esguichador de para-brisa que era um acessório colocado em lojas independentes.
Para completar, o Jornal mostra o Certificado de Originalidade emitido pelo Fusca Club do Brasil.
Também cita um provável futuro Karmann Ghia.
Fico me perguntando: qual seria o proposito para trocar as rodas, calotas e faixas brancas largas? Até aí cada um com seu conceito, mas não poderia ostentar a placa preta, já que esse item é excludente, nem vai para avaliação. Alem disso, como um exemplar com o interior todo alterado pode somar pontos para passar na avaliação? Teria que tirar nota máxima em quase todos os outros itens de avaliação. Há avaliadores que não aceitam qualquer mudança nos bancos, reprovando direto. Veja nas imagens abaixo da revista Quatro Rodas, no teste do Karmann Ghia 1967. Ele tem rodas com janelas, que foram introduzidas em 1965, calotas com emblema VW pequeno e faixas brancas estreitas. Apesar de ser coupê nas fotos, o modelo conversível exibia as mesmas rodas, calotas e pneus.
Não estou nem aí para esse Karmann Ghia n° 2 estar certo ou errado, vai ser mais um entre tantos. O clube emissor pode se defender que não estava assim na avaliação ou que foi de diretoria anterior, também pouco importa. O que venho criticar é a reportagem que, como um veículo de comunicação, deve checar todas as informações antes de qualquer publicação, pois estará divulgando algo errado. Quantas pessoas guardaram esse jornal para se balizarem em suas restaurações? É certo afirmar que as pessoas creem em tudo que a imprensa fala e divulga, portanto, temos que tomar cuidado para não distorcer a história.
Karman Ghia com rodas fechadas e faixas brancas largas, somente até 1964. Karmann Ghia com calotas do Fusca alemão de 1950, nunca existiu!