terça-feira, 24 de agosto de 2010

Puma de amigo - GT 1970

O Puma GT 1970 é do meu amigo Ernani Dias. Ele tem o carro há muito tempo, é o quarto dono, por incrível que pareça. Eu conheço este Puma há mais de cinco anos, mantendo-se inalterado ano após ano. Vocês podem perceber que não se trata de um GTE, apesar de ser 1970. Seu para-brisa tem os cantos inferiores retos e não tem tomadas de ar logo abaixo do para-brisa.
Apesar de ter as lanternas laterais, não são originais do GT. O antigo dono instalou na época, como modismo e se diferenciou por colocar todas em lentes amarelas. O Ernani que nunca alterou o Puma em nada por longos anos, agora por fazer parte do Puma Clube, recorreu aos nossos conhecimentos e mandará corrigir todos os itens que foram alterados.
É impressionante a preservação dos equipamentos e detalhes desse Puma, todos que viram pessoalmente ficaram espantados. Tudo está em perfeito estado, mas com as marcas do tempo, dando-lhe a devida idade. Não é como muitos, que chegando em certa idade pintam os cabelos para parecerem novos. Não, nesse caso, os cabelos grisalhos estão lá, criando um charme todo especial, apesar da idade. Um quarentão muito bem conservado, esbanjando saúde.
A pintura das rodas também foi alterada ao longo do tempo, que em breve voltaram a sua pintura original, que é o miolo em cinza médio e somente a banda, o cubo e frisos do centro polidos.
No modelo GT 1970, que tem a carroceria igual do 1969, teve alterações mecânicas, com motor 1600 cc; cubo de quatro parafusos; freio a disco na dianteira e...
... A única diferença na carroceria está nas lanternas traseiras, já as do VW Variant. Nesse Puma o antigo dono também promoveu alterações a seu gosto, como dupla saída de ar interno, que na verdade é só estética, porque não existe ligação com o interior e fez duas saídas de ar no painel traseiro, para expulsar o ar quente do motor. A retirada das personalizações estão na programação do Ernani.
A cor é o Prata Luar Metálico (não confundir com o Prata Lunar GM). Uma espécie de prata metálico com leve pigmentação azul. Provavelmente a mesma cor do GTE 1970 do catalogo. Na sombra a cor escurece e na luz intensa clareia bastante.
A postura do Puma em relação ao solo está correta, como saiu da fabrica. Pode parecer estranho, mas era assim mesmo, a frente mais alta que a traseira. Naquele tempo a moda de rebaixar carros não era tão comum e quando o faziam, principalmente nos VW a ar, rebaixava-se somente a traseira. Somente dois anos depois começou a popularização da catraca Puma, que rebaixava a suspensão dianteira desse tipo.
Para comprovação da cor e a título de curiosidade, o Ernani ainda tem a nota fiscal emitida pela Comercial MM, onde consta o nome da cor. Outra curiosidade é ele ter todos os documentos emitidos na vida do Puma. Abaixo o primeiro datado de 3 de fevereiro de 1970.
O motor ainda exibe alguma originalidade, mas é o componente que mais sofreu alterações dos equipamentos e agregados, como: filtros, coletores, carburadores e seu acionamento; distribuidor; falta das mangueiras do ar quente e pintura da capela (dog house).
No detalhe ele é bonito demais. Foto Marco Rinaldi. Aliás as fotos pequenas são do Rinaldi, as grandes são minhas.
Olhar de um fotografo na anterior e o olhar do outro.
Internamente é o local mais surpreendente. Tudo no lugar, perfeito, sem materiais modernos (aqueles que imitam os antigos, mas não tem os cabelos grisalhos).
O volante "Formula 1" fabricado pelos Irmãos Fittipaldi, original do modelo GT. No modelo GTE o volante foi substituído pelo Panther de 320 mm.
A chave de seta, igual dos modelos GT 1968 e 1969, chave oriunda do VW Sedan, que era originalmente pintada na cor cinza e a Puma deixou igual.
Os instrumentos que começaram a vir no Puma 1969 permanece inalterado nos modelos até 1972.
Os botões do painel: NÃO ACREDITO, NINGUÉM MEXEU! Porque não são réplicas! Os botões existentes são peças verdadeiramente originais. Da direita para ligar os faróis e da esquerda o limpador. Esguicho no para-brisa? Esqueça, não existia no modelo GT.
Os botões da abertura da entrada de ar interno. O lado esquerdo ...
... E o lado direito, na outra extremidade do painel.
A "bolota" da alavanca de cambio: ORIGINALÍSSIMA! Muitos colocam a do Fusca, mas não era. O modelo "pêra" era feito para a Puma.
O GT não tinha console e a forração dos bancos era em courvin. Aqui o antigo proprietário deu uma modernizada. Os ilhoses nos bancos somente no modelo GTE de 1970 a 1972.
O sistema de reclinador dos bancos: gira-se a roldana existente no encosto para o banco reclinar. O pino de apoio sobe ou desce, dando diferentes posições do encosto. Um sistema simples e barato, para uma época que um ou outro carro nacional tinha bancos reclináveis de fabrica.
As forrações das portas ainda exibem a forma original, com maçanetas de abrir do Fissore DKW, maçanetas do vidro do VW 1600 4 portas e cinzeiro lateral do Fissore.
Do lado do batente de porta, o apoio da fechadura e o calço de porta também do Fissore.
Dobradiças das portas que vieram do FNM 2000 JK. Aqui falta as molas.
A forração interna com o desenho original. A parte inferior courvin comum e o teto e parte da lateral com a napa furadinha branca utilizada nos tetos dos Fuscas.
Na parte traseira o carpete se estendia até o vigia. Naquele tempo ainda não era utilizado o "cabelo de nego" da Tabacow.
O magnífico tapete original, tipo carpete com parte de borracha, na área que sofre mais desgaste.
A forração do teto na cor branca com furinhos utilizada apenas nos GT. Já o friso cromado cortando o teto ao meio, equipou os Puma de 1968 até 1972. No GTE o teto já era preto, o mesmo utilizado na linha Ford.
No detalhe a luz de cortesia do Fusca e o encaixe do friso.
Os para-sóis eram brancos, acompanhando o teto e seus suportes eram de metal !!! Depois foram substituídos pelo de plástico em preto.
O espelho retrovisor interno utilizado também na linha VW Variant.
Os vidros eram fabricados pela Vidrobrás e o logotipo usado era o mesmo do carro. Depois passou a ser fabricado pela Fanavid com o logotipo da marca Puma.
O adesivo da Comercial Milton Masteguim, bem judiado, ainda resiste ao tempo.
Os limpadores cruzados com braços fabricados pela Dyna, eram exclusivos do Puma. Seu encaixe e base era dos veículos DKW.
A antena Truffi, como se usava na época, no para-lama direito e abaixada para não quebrarem.
O espelho aerodinâmico, que só era usado em carros de competição, equipava o Puma.
No começo era instalado na porta. Em 1970 veio o modismo de instalar no para-lama, que durou até 1972, posteriormente voltando para a porta. Mas nada impedia o proprietário de mandar instalar na porta, já que o espelho vinha no porta-luvas e somente colocado na entrega do Puma ao cliente, observando sua posição em relação a visão do proprietário.
O compartimento do porta-malas era totalmente diferente do GTE, com abertura do capô pela frente e os instrumentos ficam nesse compartimento, atrás da peça de fibra perto das dobradiças do capô, como nos Fuscas. Já no GTE o acesso aos instrumentos é por baixo do painel e o capô tem abertura contrária. O estepe fica em uma posição inclinada, sem nenhum tipo de fixação, apenas um encaixe para acomodá-lo.
A bateria é localizada na frente, embaixo do estepe. Uma solução para equilibrar a distribuição de pesos do veículo. Uma solução boa para o equilíbrio, mas ruim para a eletricidade e segurança. Os cabos devem ter uma bitola maior para evitar perda de eletricidade e qualquer faísca, somada ao acumulo de gases provenientes do combustível, por causar um incêndio. Neste aspecto, nunca ouvi algum caso de acontecimento em Puma, já em SP2 que também tinha a bateria na frente e em Kombi, que a bateria era junto com o motor e tanque, isso era corriqueiro. Também notamos que no Puma GT, o painel de cobertura da suspensão dianteira era idêntico ao dos Fuscas mais antigos, uma cópia que a Puma só veio a mudar quando mudou a carroceria em 1973.
No local que a maioria dos Puma tem a bateria com seu respectivo encaixe (do lado do motor), nos modelos com bateria na frente, essa parte é lisa sem nada.
A plaqueta de identificação com a inscrição GT 1600.

26 comentários:

Unknown disse...

Esse é o PUMA!!! Parabéns ao proprietário e a você Felipe pela descrição do carro!!!
O detalhe que mais me chama a atenção neste modelo é a forração de teto e seus detalhes. Na minha opinião bem mais requintado que o do meu modelo 73.

Abraços Matheus Cremonese

@MarceloSCamara disse...

Show de carro. Show de descrição do carro.

smarca disse...

É por causa de posts como esse que digo:

"Uns seguem o Twitter, eu sigo o Puma Classic."

Leo Gaúcho disse...

Imaculado!

Anônimo disse...

Parabéns ao proprietário deste belo felino. Sem dúvida, um carro muito raro.

Stael Alves disse...

Tô contigo Sandro.
Pra falar a verdade não conheço o Twitter. Meu e-mail passo até três ou quatro dias sem abri-lo, mas o Pumaclassic visito no mínimo 3 vezes ao dia, fico praticamente on-line.

Agora voltando ao veículo: realmente impressionante em cada detalhe. A sua descrição Felipe enfatiza esses detalhes. O que mais me impressionou foram os detalhes das portas, como a porta do meu é meu cravo, fiquei admirado com a perfeição das mesmas e pela manutenção de todos os detalhes de maçanetas e sistemas. Lindo carro! Meus parabéns ao proprietário!

Luby disse...

Simplesmente ESPETACULAR, parabens Felipe pela materia e ao dono pela raridade...
abs
Luby

Anônimo disse...

Não sei o que impressiona mais...se é o estado de conservação deste Puma ou a descrição precisa e didática do Felipe...em todo o caso, parabéns ao proprietário deste carro e claro...ao Felipe por mais uma aula de história sobre o Puma! Cassiano

Cesar Costa disse...

Impressão minha ou Felipe chegou a orgasmos múltiplos com o carro?

Sergio Tempo disse...

Independente das alterações, show de puma, impecavel

EGO's disse...

Carro Magnifico! Como ainda existem estas preciosidades??!!
-Felipe, valeu a ótima apresentação: de mestre! Interessante o detalhe da guia inferior no batente da porta, não entendo a razão de terem abolido este eficiente detalhe.

Fernando Portilho disse...

Felipe,
Na "certidão de nascimento" emitida pelo Rossato do meu GT, consta a cor prata.
Quando terminamos de decapar o carro, encontramos a cor muito semelhante a este azul.
Não me lembro de ter visto GT 69 "prata", será que você poderia nos esclarecer este fato.
Obrigado.
Abraço, Fernando.

Unknown disse...

Veículo precioso!!!
Parabéns ao Ernani, que o mantenha assim para que as gerações vindouras possam apreciar.
E excelente apresentação, precisa e detalhada.
Irapuã

Felipe Nicoliello disse...

Obrigado amigos.

Cesar, não cheguei a tanto, foi orgasmo único, afinal sou macho!

Fernando,
Como mencionei na reportagem o nome da cor era: PRATA LUAR METÁLICO, NÃO CONFUNDIR COM PRATA LUNAR METÁLICO GM DE 1974.

Anônimo disse...

Vi este puma pessoalmente. Minha duvida fica em relação as rodas tijolinho que se não me engano vinham a partir de 71.....o carro poderia ter sido taqueado melhor e vãos de porta e capös mais bem feitos. No geral um carro medio mas que se torna bom pelas poucas unidades existentes.

Cesar Costa disse...

Que diabo é taqueado?

Stael Alves disse...

Também gostaria de saber o que é isso?

Felipe Nicoliello disse...

Por essas e outras que tomei a decisão em 2004 de ensinar sobre Puma. E para ganhar o respeito, sempre fiz a coisa mais simples do mundo: analisar os fatos.
Então vamos lá Sr. anônimo:
Se as rodas Tijolinho só saíram em 1971, com que rodas a Puma soltava seus carros em 1970, já que a VW enviava o chassis rolando com rodas 4 furos e freio a disco em 1970?
Nem preciso mostrar documentos para a comprovação das rodas Tijolinho em 1970, o simples fato de não existir nenhum outro tipo de roda entre as "Bolo de noiva" 5 furos e as Tijolinho 4 furos, comprova minha teoria.
Ouvir coisas tão banais como esta, me levou a ensinar e cuidar da história Puma, porque senão hoje seria um disse para cá, um disse para lá e perderíamos toda história construída através de anos. Não porque não haja registros, mas sim pelo simples fato das pessoas não usarem a cabeça para pensar. Tem coisas que são óbvias.

Quanto ao taqueamento, palavra da linguagem de pintores de automóveis, é o lixamento com taco de madeira ou de borracha, para deixar as linhas e frisos em perfeito alinhamento, além das superfícies planas.
Acontece senhor anônimo, hoje a repintura automotiva chegou a níveis altos de perfeição, muito mais que os níveis alcançados pela indústria nacional nos anos 70. Esse Puma não foi restaurado, apenas dado um banho de tinta, preservando suas formas originais. Se seu conhecimento sobre restauração de carros é muito bom, deixa a desejar sobre Puma, principalmente sobre os primeiros fabricados. Posso lhe garantir que este Puma é fielmente original, inclusive em seus defeitos, mas isso somente um estudioso e conhecedor do assunto poderá saber o que é defeito original e barbaridades executadas.
Hoje temos restaurações tão perfeitas que não me atraem, porque quando olho para o carro, não consigo remetê-lo ao ano de origem, por estar bem melhor de quando saiu da concessionária.

Anônimo disse...

ola amigos porgentilesa auguem pode me diser o que é o numero do produto aquele que tem na plaquetinha de identificação grato a todos.

Felipe Nicoliello disse...

Veja aqui:
http://www.pumaclassic.com.br/2010/05/numero-do-produto-puma.html

Unknown disse...

porque esse carro tem duas saidas de ar abaixo do vidro alguem saberia informar?

Unknown disse...

alguem saberia dizer porque ele tem duas saidas de ar abaixo do vidro?

Felipe Nicoliello disse...

Douglas,
O primeiro proprietário fez algumas alterações lá no começo dos anos 1970. Colocou as lanternas laterais iguais a do Puma GTE e a saída do ar interno logo baixo do vidro traseiro. No GTE seria apenas uma, ele foi logo colocando duas. Mas este Puma não tem saída nenhuma, pois é um GT. O segundo e atual proprietário nunca mexeu no carro e somente agora, depois de saber que não era original, mandou ou vai mandar retirar, pois essas saídas nem estão ligadas com o interior do veículo, são peças somente estéticas.

Felipe Nicoliello disse...

Anonimo,
Número do produto é o número de fabricação da carroceria, que tem uma sequencia diferente do número de chassi. A Puma marcava a carroceria, as portas e capôs com esse numero, para saber de onde foi fabricada a peça, de que molde, afinal a Puma tinha muitos moldes. Quando a pessoa queria uma porta para substituição, ela pedia o n° do produto para ir no mesmo molde confeccionar uma peça nova, assim ficaria com encaixe perfeito na carroceria. Isso se deve ao fato que a fibra de vidro tem uma dilatação muito diferente de metais, podendo dar alteração de um molde para outro molde.

Felipe Nicoliello disse...

Anonimo,
Número do produto é o número de fabricação da carroceria, que tem uma sequencia diferente do número de chassi. A Puma marcava a carroceria, as portas e capôs com esse numero, para saber de onde foi fabricada a peça, de que molde, afinal a Puma tinha muitos moldes. Quando a pessoa queria uma porta para substituição, ela pedia o n° do produto para ir no mesmo molde confeccionar uma peça nova, assim ficaria com encaixe perfeito na carroceria. Isso se deve ao fato que a fibra de vidro tem uma dilatação muito diferente de metais, podendo dar alteração de um molde para outro molde.

Felipe Nicoliello disse...

Anonimo,
Número do produto é o número de fabricação da carroceria, que tem uma sequencia diferente do número de chassi. A Puma marcava a carroceria, as portas e capôs com esse numero, para saber de onde foi fabricada a peça, de que molde, afinal a Puma tinha muitos moldes. Quando a pessoa queria uma porta para substituição, ela pedia o n° do produto para ir no mesmo molde confeccionar uma peça nova, assim ficaria com encaixe perfeito na carroceria. Isso se deve ao fato que a fibra de vidro tem uma dilatação muito diferente de metais, podendo dar alteração de um molde para outro molde.