Nos anos 60 os desenhos dos carros esportivos eram ditados pelos estúdios europeus, dando continuidade ao estilo adotado nos modelos de automóveis de corridas da década anterior.
O desenho não é uma regra, mas um estilo seguido conforme a configuração mecânica adotada e os conhecimentos técnicos de produção e aerodinâmicos.
A utilização de materiais para fabricação, bem como os conceitos técnicos mecânico influenciam no desenho do automóvel, mudando a forma conforme avançam nas novas tecnologias.
Os italianos sempre foram fortes no seguimento de desenho automobilístico, sendo a Ferrari o exemplo de beleza e eficiência. As linhas em formas arredondadas foram se aprimorando em meados dos anos 60, mas com o mesmo estilo anterior.
O GT Malzoni seguia a mesma tendência européia, com o mesmo conceito aerodinâmico e formas.
As inovações tecnológicas continuaram a aparecer através de investimentos da indústria em novos conceitos. Nem sempre os novos conceitos são aprovados, porque há necessidade de levar em conta a opinião do consumidor, geralmente mais tradicionalista e resistente em aceitar. No desenho dos automóveis é a mesma coisa, as formas não podem mudar abruptamente, pois podem criar um certo choque e como conseqüência a não aceitação do consumidor.
O Lamborghini Miura foi um desses novos conceitos de mecânica e desenho, sem, contudo deixar de lado as formas arredondadas utilizadas há algum tempo.
Nesse conceito, Rino Malzoni trabalha as formas do novo Puma VW em 1967. Dizer que foi baseado no Lambo Miura acho um exagero, as formas dos para-lamas e dos volumes já eram utilizadas em outros esportivos. Um dos detalhes mais marcante do Lambo - entre tantos – era o formato da janela lateral adotado por Malzoni. Se olharmos o Lamborghini nos detalhes veremos muitas diferenças, sendo o Puma um desenho mais tradicional para época. Talvez por isso tenha agradado tanto.
Com o mesmo conceito de remeter o desenho dos automóveis de corridas para o público, os principais fabricantes de esportivos desenvolviam novos projetos para as pistas com o intuito de posterior fabricação. A Ferrari se mexeu e projetou o Ferrari Pininfarina Dino 206 Competizione (Protótipo) de 1967.
Apresentado no Salão de Turim, esse protótipo foi construído sobre um chassi de
Fórmula 2, com carroceria de alumínio modelada por Scaglietti e volante do lado direito. Deu origem ao Ferrari Dino, primeiro Ferrari de rua sem motor V12 e mais barato. Atualmente, está exposto no Museu de Le Mans, França.
Reparem que os conceitos aerodinâmicos estavam mudando, o carro não tinha grandes saliências, teto mais arredondado e um pequeno
spoiler na frente.
Claro que no modelo de rua, por questões técnicas de produção, equipamentos obrigatórios e ergonomia, o Ferrari Dino não ficou exatamente como aquele de pista, mas o desenho básico foi mantido, assim como alguns adornos de modelos anteriores para associar o novo modelo a marca.
Até o momento falamos apenas do desenho dos automóveis esportes ditados pelos europeus e se fossemos falar da maioria desses esportivos viraria um livro.
Os americanos, como grandes produtores de automóveis no mundo tiveram um conceito adotado nos anos 50 diferente do resto do planeta. A euforia, o glamour e o anseio pelo conforto, associado as grandes distâncias do país, levaram os americanos a criar automóveis imensos, confortáveis e potentes, nada a ver com os ditos esportivos europeus, que antes de tudo, primavam a eficiência mecânica e desenho em prol do conforto. Mais ou menos como um carro de corrida.
Mas eles também produziram seus esportivos, de uma forma diferente, mas tiveram. No começo tímido com apenas o Chevrolet Corvette nascendo em 1954, suas linhas eram aquelas adotadas pelos europeus, claro que o tamanho mostrava o gosto peculiar.
Aos poucos o desenho do Corvette foi se adaptando ao gosto americano mudando completamente em 1963 com a chegada do Sting Ray. Estilo inovador, faróis escamoteáveis com muito conforto e potência. Uma nova tendência.
Era fabricado nas versões conversível e coupé.
Outro esportivo surgido nos E.U.A. em 1964, mas com pinta de carro familiar foi o Ford Mustang. Primeiramente nas versões coupé 2 portas e conversível. Posteriormente na versão
fastback com apelo mais esportivo. Assim começou a tendência americana para o conceito automóvel esportivo, com bastante conforto.
Na mesma onde e para combatê-lo, a Chevrolet lança o Camaro em 1968, no mesmo conceito do Mustang, ou seja, um automóvel grande, potente e com apelo esportivo, sem, contudo limitar seu conforto e autonomia em duas versões, coupé e conversível.
Muito apreciado para modificações, o Camaro sempre teve adeptos para corridas de arrancadas.
Mustang e Camaro tiveram participação importante no cenário automobilístico americano, marcaram uma fase para surgirmento dos famosos muscle cars. Os desenhos das carrocerias de uma forma geral continuavam obedecendo aos conceitos dos automóveis familiares americanos.
Nessa época despontava no lado oriental do mundo as indústrias japonesas, balizadas nos conceitos europeus de desenho, como o esportivo Toyota 2000 GT de 1967.
Suas linhas básicas lembravam os esportivos da Europa, mas com algumas inovações de detalhes de desenho.
Em 1968 com a 365 GTC, a Ferrari buscava um meio termo para o padrão puramente esportivo e o conceito automóvel esportivo americano. Suas linhas eram mais distantes dos esportivos de pista.
Enquanto isso naquele ano, a americana Chevrolet com seu verdadeiro esportivo lançava o novo modelo do Corvette, inaugurando um novo conceito de frente comprida e traseira curta, que foi amplamente aceita pelo grande público
Na Europa o estilo mudava aos poucos, sempre mantenho alguma forma do desenho anterior, como o Ferrari 365 GT.
No Brasil ainda estávamos no Puma GT 1968, mas um futuro lançamento da Puma vinha ficar muito próximo desse Ferrari em um certo ângulo.
Os japonesas da Datsun com o Fairlady 240Z prometia muito em termos mecânicos e desenho no melhor estilo europeu.
Alemães que tiveram vida própria foram os esportivos da Mercedes Benz, também nem precisava ditar moda ou seguir tendência, sempre estão acompanhados da estrela...
Mas houve uma época que até mesmo a tradicional marca da estrela de três pontas se rendeu ao inovador estilo, que acabou como exercício de design. Em 1969 a Mercedes apresenta o C-111, muito inovador na tecnologia e principalmente no desenho.
Época em que havia necessidade de renovação e muitas possibilidades foram geradas com a disposição de novos materiais. Na mesma toada de 1969 seguiram o Alfa Romeo Iguana...
...Ferrari 512S Pininfarina...
... De Tomasso Mangusta...
... E Alfa Romeo 33 Pinifarina.
Todos com inovações em desenho e cada qual com seu olhar para o futuro. Não havia nada definido no mundo novo que surgia. Alguns foram carros conceitos, outros produzidos em pequena escala.
Em 1971 a surpresa foi o Maserati Boomerang, que havia aparecido em forma parecida três anos antes, como Bertone Alfa Romeo Carabo. O Boomerang foi a inspiração para o nascimento do brasileiro Hoffstetter. Seu estilo inconfundível deu origem a diversos esportivos como Maserati Merek, Lótus Esprit, De Lorean e o Lamborghini Countach.
A influência nascida nos carros conceitos e aceita pelo grande publico gerou uma nova forma de desenho para carros esportivos, como o Maserati Bora de 1971.
A Ferrari como referência em desenho automotivo não ficou para trás com seu modelo 365 GTC 1971/72.
Os japoneses caminhando mais devagar em design. Como era de se esperar, afinal uma indústria nova que havia chegado em lugar de destaque, coisa que muitas demoraram anos para conquistar e já começavam a incomodar os americanos. O 240 Z tinha um apelo esportivo com conceito de
hatch. Tanto de frente como de traseira o carro era bem agradável...
...E cabia bastante coisas no porta-malas desse esportivo. As lanternas traseiras tinham um desenho que foi muito utilizado no começo dos anos 70 e no Brasil apareceu no Alfa Romeo 2300 TI4, seguido pelo Puma GTB em final de 1977.
Os americanos na década de 70 debandaram de vez para o conceito muscle car, ficando apenas o Corvette como legítimo representante de esportivo.
Todos devem estar perguntando por que não falei do Porsche. Esse mais que o outro alemão da estrela, segue sua fiel tradição desde o 356, com algumas debandadas promovidas pelo 924, 944 e 928, mas nada que ferisse o estilo de origem do pós-guerra, isso simplesmente foi exercício..
E vocês acham que preciso falar de Porsche?
Já os Audi são novos no setor dos esportivos. O mais próximo que tiveram foram os Audi 100 de 1970, um hatchback com cara de esportivo.
Lógico que hoje a marca está muito bem representada no setor. E que representação!
Todas as imagens com exceção dos carros Puma foram colhidas na Internet, até a foto do desfecho, um Ferrari Puma, que nos deixa muitas interpretações.