Na década de 50, os projetista de automóveis de corrida, preocupados com a aerodinâmica, começam a usar as formas arredondadas nas carrocerias, dando contornos aos para-lamas integrados. Com isso economizariam material, consequentemente menos peso. Os faróis nessas formas de para-lama tinham duas opções: ficarem chapados ou embutidos. Nesse último caso, não teria grande fluidez do ar, como no resto da frente do carro. A solução foi criar uma peça com o mesmo formato da frente, porém que fosse translúcida, para passar o facho de luz. Assim foram criadas as bolhas de faróis em acrílico translúcido, parecendo um vidro. Esse tipo de desenho se intensificou na década seguinte, com muitos carros de rua usando esse artifício. Um dos problemas no uso da bolha era a umidade que poderia acumular internamente e embaçar o acrílico, obstruindo a passagem do facho de luz. Alguns modelos utilizavam essas peças com uma pequena distância da carroceria favorecendo a entrada de ar, mas entrava sujeira também. Outros criaram orifícios internos para passagem de ar e o devido respiro do local.
No Puma a bolha do farol começou no GT Malzoni. Com o formato da dianteira, com a grade mais a frente e alta, o corte para embutir os faróis ficou com um desenho um pouco torcido, dando trabalho para confecção das bolhas. Para um acabamento melhor, a Puma usava um filete metalizado no acrílico, no contorno das bolhas. Quando colocadas, com a borracha entre a carroceria e a bolha, o visual fica bonito, pelo cromado da metalização e o preto da borracha.
No Puma GT DKW, esse detalhe foi modificado, com a grade mais abaixo e as bolhas com um desenho mais leve e formato maior. No GT DKW a bolha se integra tão perfeitamente ao desenho do carro, que ela não chama muita atenção, passando desapercebida. A Puma utilizava o orifício interno, que era um furo coberto com uma borracha furada, que ligava o ar da parte interna da bolha com o ar da parte interna dos para-lamas. Havia também um furo menor, com borracha, bem embaixo dos faróis que serviam para escoamento de água, caso entrasse por algum motivo.
O Puma GT 1500 não poderia deixar de ostentar a famosa bolha no farol, pois seu antecessor utilizava e seu desenho pedia isso. Também nesse modelo a bolha não comprometeu o desenho do carro, mas ela é muito mais notada que a bolha do GT DKW. No Miura Lamborghini, que todos dizem ser o inspirador do GT 1500, ele não usava bolhas, seus faróis eram basculante, ficando na posição deitada quando apagados e em pé quando acessos.
No Puma GT 1500 1968 e 1969 os furos para passagem do ar eram bem acima, devido ao duto de ventilação que passa internamente por esse local.
Já no Puma GTE 1600 de 1970, a entrada de ar da ventilação interna mudou para cima do capô, não existindo mais o duto dos modelos anteriores. Com isso o furo da ventilação da bolha passou a ser em local mais baixo.
No detalhe.
Quando do lançamento do GTE Spider em dezembro de 1970 no Salão do Automóvel, como modelo 1971, o conversível já tinha as tomadas de ar sobre o capô...
... E o furo também era mais abaixo que nos modelos GT. Se olharmos atentamente na foto acima, podemos ver a sombra do furo de escoamento de água ao centro e embaixo dos faróis.
Como as bolhas de faróis seguiram no Puma até 1973, mesmo sendo uma nova carroceria, o conceito era o mesmo para a passagem de ar e escoamento de água.
Claro que para utilizarem as bolhas fizeram seu respectivo encaixe na carroceria. Esse degrau era em ângulo fechado, para evitar infiltração de água. No final de 1973 as bolhas foram eliminadas por questão de preferência dos consumidores. Um grande modismo se manifestava naquele tempo com os proprietários de Puma, que pagavam os concessionários ou oficinas para a realização dos serviços de eliminação das bolhas. Era um grande trabalho, porque tinha que fechar os degraus com fibra de vidro, afinar as bordas e depois repintar o local. Claro que alguns faziam esse serviços bem barato colocando apenas massa plástica nos degraus. Consequência, a borda ficava grossa, denunciando o serviço.
Agora, POR FAVOR, NÃO INVENTEM, colocar luz da lanterna no respiro... dói muito!!!