sexta-feira, 13 de abril de 2012

Restauração ou Reforma?

Restauração de um veículo não pode ser confundida com reforma. A restauração trás de volta as origens do carro exatamente como foi oferecido à venda na época. É um processo de reparar o aspecto degradado de um veículo e devolvê-lo em forma em uma condição autêntica. Em uma reforma o conceito utilizado é deixar o veículo em ordem para andar, mesmo que tenha que utilizar peças que nunca existiram naquele modelo. Às vezes a reforma se torna uma reformulação, com alterações que descaracterizam o veículo.

Na restauração, as peças visíveis e escondidas devem ser recuperadas em sua forma e acabamento, sempre utilizando os materiais da época, tudo dentro do possível, procurando recuperar a imagem do veículo o mais próxima do seu início de vida. As peças utilizadas preferencialmente são as originais, caso seja impossível, a utilização de reproduções fieis é melhor do que não ter a peça ou substituí-la por outra que nunca pertenceu ao carro. Por isso que muitos restauradores dão preferência aos carros originais, mesmo em péssima condição, porque as peças originais são restauráveis e ficam perfeitas, coisa que às vezes não acontece com reproduções. Um veículo degradado, porém original, com todas as peças visíveis originais nos seus devidos lugares, tem maiores chances de ter as peças escondidas e originais, aquelas que só vemos em sua desmontagem. Já um veículo semidesmontado, faltando peças e sem muita originalidade, fatalmente não terá peças essenciais para uma boa restauração.

Além disso, restaurar uma peça original é mais fácil e barato, que “caçar” a peça desejada ou comprar uma reprodução.

Os cuidados no processo de restauração não são apenas na escolha do veículo, o trabalho deve obedecer a critérios. Começando pela funilaria, que deve ser consertada da mesma forma em que eram feitos esses serviços na época do veículo. A utilização de métodos e processos muito modernos podem descaracterizar suas linhas e formas. Se um carro não tinha vincos acentuados, não queira fazer o que não existia, isso mudará sua apresentação.

A pintura também deve ser observada com carinho. O primeiro passo é a escolha da cor, que não pode fugir as regras, deve ser uma cor do mesmo ano do veículo e utilizada pela marca. Cores de épocas diferentes ou de montadoras diferentes, não traduzem o visual de seu tempo, não representando nada para o observador que viveu e sonhou com aquele carro em seu ano. Não trás de volta a imagem do passado. Os materiais de pintura também devem ser observados, porque atualmente eles são extremamente melhores que aqueles usados quando da fabricação do veículo. A aplicação excessiva de verniz e brilho pode prejudicar o visual, dando uma aparência muito artificial.

Pintura e funilaria pronta vem à parte mais difícil, os detalhes. Esses são muito importantes porque dão vida ao veículo. Todo cuidado com cromados, frisos, faróis, lanternas, vidros, rodas e pneus fazem a diferença. O mesmo critério utilizado na funilaria e pintura deve ser obedecido aqui. Nada que não existia no veículo deve ser acrescentado e as peças existentes devem ser restauradas buscando sua aparência idêntica a sua origem.

A parte interna de qualquer veículo, por incrível que pareça, não é a mais problemática, mas é a mais alterada por falta de informações. Tecidos, padronagens e costuras devem ser pesquisadas a fundo, assim como detalhes de botões, volantes, consoles, tipos de bancos, maçanetas, etc. Um observador fica empolgado ao ver um veículo todo original e bem restaurado, mas quando se aproxima e vê um volante ou um tecido descaracterizando demasiadamente o carro, sua empolgação logo acaba. Mesmo que a pessoa não seja um profundo conhecedor de um modelo de carro, pode saber que o volante não pertence àquela época ou o tecido é igual ao seu carro atual.

Em contra partida, a restauração executada acima dos padrões de época transmitem imagens diferentes, valendo muito mais a peça com seu desgaste pelo tempo, do que outra nova, fabricadas com materiais modernos que deixam a peça mais vistosa.

Mas esse assunto é conceitual. Para alguns restauradores norte-americanos o que vale é estar tudo novo, mesmo que fique melhor de quando saiu de fabrica. Para os europeus, o valor está na peça original que nunca foi mexida, mesmo com suas marcas de desgaste ou oxidação efetuadas pelo tempo.

O que não podemos ver são os dois conceitos juntos, um veículo com uma pintura excepcional e rodas sem restauração. Alguns detalhes são plenamente admissíveis, principalmente na parte interna, quando um foro não é substituído por ser original nunca mexido e em bom estado, estando junto com bancos restaurados. Aliás, esse formula é muito adotada no Brasil, que pende mais para o modelo europeu.

Espero ter elucidado alguns detalhes de uma restauração e ajudado a diminuir os percalços desse caminho. Boa sorte. Felipe Nicoliello

4 comentários:

Márdel Paranhos Carvalho disse...

Caro Felipe, parabéns pela correta colocação e abordagem sobre o que é restauração e reforma. Muito claro, objetivo e informativo. Parabéns também pelo trabalho que você faz em prol da história e dos amantes deste que foi sem dúvida o maior e mais lembrado esportivo nacional.

Gurgel disse...

Felipe, me fez lembrar desta Puminha que morou muito tempo na rua Martinico Prado, cheguei a tentar compra-la mas o dono não quiz vender.
Sumiu de lá há uns 2 anos, que fim sera que teve??

Gurgel

Felipe Nicoliello disse...

Gurgel,
Também não sei. Logo depois de eu tirar essas fotos, o Puma sumiu e não ouvi mais falar sobre ele.
Uma pena porque era um excelente Puma para restauração.

Anônimo disse...

boa noite amigos!vamos fazer um grupo no whatassp pra troca conhecimentos fotos ideias sobre puma.meu numero 77 9972 3788.abraços