terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Homenagem - Fabio Steinbruch

A triste notícia veiculada ontem pela manhã sobre o falecimento de Fabio Steinbruch deixou todo nosso meio transtornado. Eu não queria acreditar. Aos 51 anos ele nos deixa devido a um acidente de motocicleta em uma via transito rápido de São Paulo, em condições ainda desconhecidas. 
Importante colecionador e apaixonado pelo antigomobilismo, sempre deu muita importância aos modelos de automóveis brasileiros, sendo um dos maiores colecionadores de Alfa Romeo e veículos nacionais. Sempre disposto a ajudar, seus carros estavam presentes em todos os tipos de eventos que era convidado, prestigiando e valorizando o acontecimento com suas raridades. E assim foi no último evento que participou, no Salão Internacional de Veículos Antigos de São Paulo, ocorrido no mesmo passado. Ele levou nada menos que nove carros,. sendo um dos estandes mais importantes para indústria brasileira.
O GT Malzoni 1966 que foi do meu amigo Hélio Mendonça do Rio de Janeiro-RJ encerrou sua troca de proprietários quando veio para as mãos de Fabio, sendo um dos grandes destaques de sua coleção. 



Um Puma famoso, que apareceu em diversas revistas desde a década de 90, é o Puma GTE 1973, que seu antigo proprietário comprou e pediu à Puma que pintasse uma faixa amarela  ao centro, já pensando em comemorar o tetra campeonato mundial de Futebol em 1974 e Fabio o manteve assim.
Muito original esse é um dos poucos Puma dessa época sobrevivente exatamente como saiu de fabrica.


Outra grande resgaste histórico foi a aquisição e restauração do Fúria GT 1971, projeto de Toni Bianco para a fabrica que fazia o protótipo Fúria de corrida. Utilizando mecânica Alfa Romeo do FNM 2150 era para ser fabricado em série, que por razões econômicas não chegou a ser produzido.
Quando esse carro foi encontrado estava em estado lastimável, mas foi reconhecido e teve a sorte merecida, de completar a bela coleção. A sorte não foi somente do carro, mas de todos nós, que hoje podemos vê-lo em exposições e para àqueles mais velhos, rever o automóvel que chegou a ser pauta de revista. Além disso, nossa sorte foi estar com o Fabio, que gostava de ver seus carros andando e não como alguns colecionadores que não mostram suas preciosidades.





Um dos mais importantes esportivos nacionais é o Brasinca 4200 GT que foi lançado em 1964, projetado por Rigoberto Soler, professor da FEI. Aqaui vale o comentário do meu amigo e colecionador de Brasinca Sergio Campos: "No Salão do Automóvel de 1966, a STV - Sociedade Técnica de Veículos de Rigoberto, que havia adquirido junto a Brasinca o direito de montar e comercializar as unidades restantes dos Brasinca 4200 GT, já rebatizados de Uirapuru - nome original do projeto de Rigoberto Soler e equipe -  colocou em exposição um Uirapuru berlineta e um dos dois conversíveis fabricados. Do total de 76 unidades de Brasinca e Uirapuru fabricados, poucos restaram, mas os dois conversíveis ainda existem. Um deles pertenceu a um dono de uma frota de táxis, que pediu para que fosse instalado uma mini televisão no console central e... Ar condicionado!"
Com o relato acima, notamos a raridade desse Uirapuru conversível na coleção.
O SM azul conversível que se vê ao fundo é outro raro representante na coleção.
Recentemente adquirido, esse Lorena 1971 foi o último carro fabricado pela Tambatajá, que havia promovido algumas alterações no projeto de Léon Lorena, as mais preseptíveis foram as quatro lanternas traseiras ante as duas anteriores e quatro faróis na dianteira ao invés dos faróis quadrados. Eu contesto esses faróis de Puma, não acredito nessa modificação de fabrica.
As tomadas de ar na coluna foi outra alteração da Tambatajá.
O Fabio não poderia deixar de ter em sua coleção, os legítimos representantes do desenho nacional em grande montadora e o VW SP2 é um deles. Ano 1973, esse SP2 é impecável, nada o desabona em sua originalidade.




O outro representante é o VW Karmann Ghia TC igualmente original.
Esse automóvel, o EMME Lotus 422 T foi uma tentativa de um grupo brasileiro na fabricação de automóvel  de luxo nos anos 90. Com carroceria de fibra de vidro, motor Lotus importado e poucas unidades fabricadas, tinha o desenho dos detalhes pouco convencionais, mas sua base lembrava a de um Chevrolet Omega da época. Não sei ao certo se esse carro pertencia ao Fabio, estava no espaço dele da exposição, não deu tempo de perguntar se havia adquirido.
Aqui uma imagem do importante acervo de Fabio Steinbruch.
Além de antigomobilista, o Fabio era piloto de corrida, participando desde a juventude de corridas de automóveis. De rallyes de clássicos a corrida de protótipos, Fabio estava presente e sempre entre as melhores posições. Na Top Series, que resgatou os protótipos dos anos 90, Fabio participava com o Aldee Spider #88.
Na Classic estreou com o Dogde 1800 #86 que virara muito bem.
Nos importantes rallyes de clássicos, sempre participou com um de seus carros. 
Para uma pessoa ser completa não poderia faltar com a história e nisso o Fabio fez muito bem, escrevendo diversos e bons livros sobre automóveis.




Por isso tudo, Fabio Steinbruch merece essa homenagem, representou muito bem nossa história e principalmente elevou nosso nível de conhecimento sobre automóveis. Já está deixando saudades.
Uma coisa que poucos sabem, mas que conto agora, ele tinha começado a resgatar a história do buggy no Brasil, começando a incluir em seu acervo esse tipo de veículo. Defensor do antigomobilismo e da placa preta, travamos uma pequena batalha para homologação à placa preta de um Bugre de sua coleção. Como esse tipo de veículo era na maioria das vezes vendido em kits ou o proprietário escolhia seus equipamentos, não havendo um padrão para nossa orientação, sempre fui contrário a se dar placa preta para buggy. Já o Fabio não pensava assim, queria ir mais longe e realizar esse feito. Depois de gentilíssimos contatos, por ele era um gentleman, concordamos que haveria necessidade de promovermos uma reunião com importantes pessoas ligadas ao assunto, para determinarmos uma regra específica para a certificação de originalidade dos modelos buggys. Isso estava marcado para 2013. Mesmo sem ele para nós auxiliar, continuarei sua luta para resgatar a história do buggy e fazer dele um item colecionável.
Meus sentimentos à família.

9 comentários:

Adauton disse...

Possuo uma revista "esportivos brasileiros" onde aparecem diversos carros de Fabio Steinbruch e um deles inclusive é a famosa Puma verde e amarela.. muito triste essa noticia Felipe

EGO's disse...

Não conhecia o Fabio Steinbruch pessoalmente, sabia da coleção e da dedicação aos carros antigos, principalmente aos esportivos nacionais, deixou um legado. Foi uma grande perda, ele tinha apenas um ano a mais que eu, era um de nossa geração.



Era um homem jovem e de bem.



Está gora sem dúvida envolvido pela luz de amor e beleza que nunca acaba, caminho pelo qual acredito que um dia todos nós voltaremos pois é de onde pertencemos.



Transcrevo esta mensagem consoladora de autor desconhecido para a família e os amigos do Fábio:





Se você conhecesse o mistério insondável do céu, onde me encontro...

Se você pudesse ver e sentir o que sinto e vejo nesses horizontes sem fim...

E nessa luz que tudo alcança e penetra, você jamais choraria por mim.

Estou agora absorvido pelo encanto de Deus, pelas suas expressões de infinita beleza.

Em confronto com esta nova vida, as coisas do tempo passado são pequenas e insignificantes.

Conservo ainda todo o meu afeto por você e uma ternura que jamais lhe pude, em verdade, revelar.

Amamo-nos ternamente em vida, mas tudo era então muito fugaz e limitado.

Vivo na serena expectativa de sua chegada, um dia... entre nós.

Pense em mim assim. Nas suas lutas, pense nesta maravilhosa morada, onde não existe a morte e onde, juntos, viveremos no enlevo mais puro e mais intenso, junto à fonte inesgotável da alegria e do amor.

Se você verdadeiramente me ama, não chore mais por mim. “EU ESTOU EM PAZ”.

Mario Estivalet disse...

O Fabio sempre foi uma pessoa fantástica. Mas para onde ele foi certamente encontrou uma turma grande de "grazeiros" e deverá se divertir um pouco.

Sobre a Lorena: As duas histórias sobre este carro são duvidosas, tanto a de ser o ultimo carro, assim como a modificação da frente.
- Na verdade a Tambatajá Veículos não fabricou o Lorena GT, simplesmente deu seguimento ao jipe Gaiato que havia sido projetado na Lorena antes de seu fechamento. Istoi foi confirmado pelo Sr. Leon "Lorena" Larenas Izquierdo em recente conversa.
- Quanto a modificação na frente do Lorena, isto também foi negado pelo Sr. Leon "Lorena", e não teria sentido nenhum fazer uma modificação destas nos moldes, quando a empresa estava quase fechando, apenas no ultimo carro fabricado. Além disto, os moldes da Lorena, utilizados posteriormente para a fabricação dos Mirage GT, pelo Helio Herbert, não apresentavam esta modificação.
Esta é mais uma daquelas histórias que estão se repetindo de boca em boca, e acabam virando verdade. Já temos varios carros no Brasil com historias como estas, carros não originais, modificados em alguma época, e que acabam se tornando "raridades". Todos sabemos que neste mundo dos "fora-de´serie" nacionais teve muita coisa estranha, mas necessitam de comprovação.
Não vá perder o
Encontro Nacional do Lorena GT em 15/dez/2012 em Saquarema.

http://www.lorenagt.com

Felipe Nicoliello disse...

Mario,
Cabe comentar que meu trabalho, assim como o seu no Lorena, ajudamos a recuperar a história e desmistificar os mitos, as vezes, com simples deduções como essa que acaba de comentar. É óbvio que se a Tambatajá tivesse mudado os faróis no molde, o Hélio fabricaria o Mirage igual ou com outro tipo de farol, nunca com os mesmos duplos anteriores.

Dr. JMM disse...

uma perda indenominável.
um garoto ainda.
vá com Deus.
nos lembraremos dele pelos seus feitos. isso é o melhor.

Anônimo disse...

Hélio Mendonça, é o Luby??

Felipe Nicoliello disse...

Anônimo,
O próprio.

Ricardo Augusto disse...

Felipe,

Sobre o assunto dos buggys devemos sempre lembrar que o Nordeste brasileiro sempre foi o grande fabricante e utilizador deste tipo de veículos e alguns ainda são produzidos até hoje. Marcas como as potiguares Selvagem, Cobra, Tropical, Malibuggy, Master e as cearences Fyber, Magnata, Gamo entre inúmeras outras fizeram história e ainda fazem alegria de milhares moradores e turistas nas praias e dunas.

Felipe Nicoliello disse...

Ricardo,
E se ninguém tomar pulso, essa história do Buggy no Brasil será perdida. Ainda bem que temos o Carlão do Planeta Buggy que preserva as fotos dos modelos fabricados, mas só isso não é suficiente.