terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Placa preta Destoante

Há pouco mais de um mês, o Jornal do Carro, suplemento do jornal O Estado de São Paulo publicou a matéria intitulada "Conversível diplomado". Nome pomposo e com muita credencial ao veículo estrela da reportagem. Aliás, merecedor, não somente por ser o número 2, mas também pelo seu estado de conservação.
 Ao primeiro olhar e para quem não é especialista, esse Karmann Ghia conversível 1967 remete ao leitor a uma época nostálgica. Tudo perfeito, bonito, bem conservado, com cara de Karamnn Ghia antigo e todo original. Original?! Seria se não fosse pelas rodas e calotas.
 Na matéria é citado que seu interior na cor bege não é original.
 Volante, painel, botões, instrumentos, tudo correto. O emblema VW no esguichador de para-brisa que era um acessório colocado em lojas independentes.
 Para completar, o Jornal mostra o Certificado de Originalidade emitido pelo Fusca Club do Brasil.
 Também cita um provável futuro Karmann Ghia.
 Fico me perguntando: qual seria o proposito para trocar as rodas, calotas e faixas brancas largas? Até aí cada um com seu conceito, mas não poderia ostentar a placa preta, já que esse item é excludente, nem vai para avaliação. Alem disso, como um exemplar com o interior todo alterado pode somar pontos para passar na avaliação? Teria que tirar nota máxima em quase todos os outros itens de avaliação. Há avaliadores que não aceitam qualquer mudança nos bancos, reprovando direto. Veja nas imagens abaixo da revista Quatro Rodas, no teste do Karmann Ghia 1967. Ele tem rodas com janelas, que foram introduzidas em 1965, calotas com emblema VW pequeno e faixas brancas estreitas. Apesar de ser coupê nas fotos, o modelo conversível exibia as mesmas rodas, calotas e pneus.
Não estou nem aí para esse Karmann Ghia n° 2 estar certo ou errado, vai ser mais um entre tantos. O clube emissor pode se defender que  não estava assim na avaliação ou que foi de diretoria anterior, também pouco importa. O que venho criticar é a reportagem que, como um veículo de comunicação, deve checar todas as informações antes de qualquer publicação, pois estará divulgando algo errado. Quantas pessoas guardaram esse jornal para se balizarem em suas restaurações? É certo afirmar que as pessoas creem em tudo que a imprensa fala e divulga, portanto, temos que tomar cuidado para não distorcer a história.
Karman Ghia com rodas fechadas e faixas brancas largas, somente até 1964. Karmann Ghia com calotas do Fusca alemão de 1950, nunca existiu!

12 comentários:

Andrews Ferreira disse...

Concordo, os avalistas deviam ser mais rígidos na avaliação pois um veículo com as rodas e calotas trocadas não deveriam ter obtido placa preta, para conseguir essa placa os itens tem que ser originais. Agora, realmente uma pena se alguém guardar esse jornal para basear na restauração de seu carro.

thiago disse...

Já me incomodei mais com esses carros pseudo placa-preta. Ano passado vi um Fusca com mão inglesa que tinha placa preta. Só que ele era rebaixado, tinha rodas esportivas e um motor que mais parecia de caminhão. É somente um exemplo dentre tantos outros que se veem pelas ruas.

Unknown disse...


Bom dia! Sou da assessoria de comunicação da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) e do Encontro Paulista de Autos Antigos. Vocês poderiam, por favor, nos enviar e-mail de contato para camila.lauro@etccomunicacao.com para atualizarmos nosso mailling? Muito obrigada.

Dr. JMM disse...

Felipe, vc citou tudo, mas lhe passou despercebido o mais importante (ou talvez não né? hhehehehehe): as lanternas traseiras, que a própria foto dos testes esclarecem... traseira adaptada do 68. Em 67, as lanternas eram do tipo barquinho ou canoinha, como nas fotos em preto e branco. Cheguei a cogitar a compra desse carro, mas qdo analisei, vi estava muito desfigurado pra ser um placa preta. Merece um restauro severo para ostentar o grau de raridade que é, o carro 002, porque o 001 sequer sabemos se ainda existe.
Mas hoje pra mim, o que menos importa é se é placa preta. Conheço carros excepcionais que não possuem pp, e conheço verdadeiras aberrações que as ostentam.
Abração bonitão, e seja bem vindo.

Felipe Nicoliello disse...

JM,
Aí tem um problema. Oficialmente o KG Conversível foi lançado em final de 1967, vendido em 1968. Como era modelo 1968 deve já ter saído com as novas lanternas. Pode acontecer de a fabrica vender algumas unidades no ano de lançamento. Aí só com investigações e como não é minha marca, deixo para outros pesquisarem . Agora não venha com milonga prô meu lado, vc não comprou por causa do preço, porque se fosse uns 70 paus já estava na sua garagem e sei que arrumaria e deixaria nos trinques. Concordo, pagar 125 pilas e ainda ter que gastar algum, não dá. Primeiro acho que não vale tudo isso, seja qq KG conv. Segundo se valer, deve estar perfeito.

Dr. JMM disse...

hehehehe...
tenho o catálogo original dos karmann ghia, ate dez 1969, tem 500 páginas. Não saiu nenhum karmann ghia, com dois relógios grandes e traseira com lanternas grandes. Ou era um, ou outro, tipo assim, o velocimetro e relógio de horas grande com marcador de combustível pequeno no centro, traseira com lanterna canoinha. Relógio de horas e marcador de combustível pequenos com Velocímetro grande, lanterna tarseira grande. Karmann ghia, não tinha essa história de ano/modelo. O catálogo bem reza isso. Mas de qq sorte, não é problema meu, é do abreu. abração.

Comandante disse...

Olá Camila,
Tentei enviar nossa atualização, mas seu e-mail " rebota".
CLUBE DE CARROS ANTIGOS DO RN
Natal- RN
Heriberto Gomes
Presidente.

Sylvio disse...

Bom, o que dizer de um ex-fanático de Puma, que mudou de marca para Karmann-ghia?? Agora ele sabe das duas marcas!! Abraços JMM e para seu amico Leo GT69!(vejam a AM-4 premiada no Guarujá que ele está vendendo no Classic Show)

Sergio Campos disse...

Pelo q eu sei de KG conversivel, em 1967 só foi feito o numero 1. Ele existe e foi materia da 4 Rodas Classicos alguns anos atrás. O numero 2 deveria ser 1968. Tenho um KG conversivel numero 108, 1969 ainda com a pintura original branco lotus, por isto pesquisei bastante o assunto. Abs !

João Cesar Santos disse...

Já vi uns 2 ou 3 Karmann Ghia 1968, comprovado com numeração de chassi B8xxxxx (1968) com os 2 relogios grandes (1967) com as lanternas grandes de 1968... Se não me engano a revista Classic Show mostrou na sua edição n. 62 o Karmann Ghia conversível de carroceria 0001 produzido em 1967. Esse veículo mesmo sendo um modelo 1967 já vinha com as lanternas e rodas do modelo 1968.
Em ambos os casos o que ocorreu, provavelmente, era que essas carrocerias já estavam na fase final de montagem no padrão de 1967 (painel) e acabaram recebendo o chassi (numeração) e os paralamas traseiros dos modelos 1968, isso na própria fabrica. A resposta é simples, carroceria feito a mão o painel é montado nas etapas iniciais e os paralams ficam para o final. Aproveitaram as carrocerias já iniciadas com o painel de 67 e colocaram os paralamas traseiros de 68. É quase a mesma coisa que aconteceu com alguns fuscas 68 que inicio de dezembro de 68 sairam com o espelho raquete de bracinho que passou a ser utilizado em 69 (nova legislação). Ou alguém aqui acha que a linha de montagem ia seguir até 31/12/1967 num padrão e então dia 02/01/1968 mudaria todo o padrão para aquele definido para 1968?

Anônimo disse...

Olá João. Eu tenho um Karmann 1967, chassi B7.... com painel de relogios grandes e sinaleira maior. O mesmo é do final de 1967. Nunca foi alterado. Concordo contigo que para os Karmanns também existiu aproveitamento de peças como ocorreu nos Fuscas, ainda mais num ano de transição que foi 67-68.

João Cesar Santos disse...

Anonimo do KG 67... se quiser cadastrar o seu no nosso cadastro nacional de karmann ghias, não precisa informar numero de chassi ou placa, acesse o link: http://maquinasehistorias.blogspot.com.br/2011/02/cadastro-dos-karmann-ghias-fabricados.html