Ele surgiu no segundo semestre de 1970 e apareceu para o grande público nas páginas da revista Quatro Rodas de setembro de 1970.
Injustiçado ou vilão? Ele ficou marcado como um grande vilão na história, mas na verdade foi um injustiçado. Tinha tudo para dar certo, linhas atraentes, mecânica confiável e projeto bem idealizado. Mas por causa de um rumo tomado pelo fabricante, sua imagem desmoronou pouco depois do lançamento.
Na publicação da revista diz que foi projeto por Walter Ristori, genro do presidente da fábrica de caminhões-tanque e reboques Trivellato S.A., quando na verdade o carro foi trazido dos Estados Unidos, lá fabricado como Kit Car, com o nome de Avenger GT-12. Aqui foi copiado e alterado alguns detalhes da carroceria. O Shark que aparece na reportagem já é um produto fabricado no Brasil.
Sobraram elogios para o veículo e com razão, foi muito bem projetado e com qualidade excepcional de fabricação. Isso porque a tecnologia americana era bem mais avançada que a brasileira.
Talvez um outro erro foi dar a opção de vender somente a carroceria, como nos E.U.A., porque no Brasil essa cultura do "monte você mesmo" nunca foi das melhores e mesmo o fabricante montando com mecânica usada, poderia resultar em veículos ruins depois de algum tempo, não fazendo jus a ótima carroceria. O critério de ter uma mecânica confiável (nova) e com desenvolvimento, sendo sempre iguais em todos os veículos fabricados, traduz em qualidade do produto. Nesse aspecto, a Puma nunca abriu mão, vender carros na forma de kit seria uma venda em massa, mas com resultados indesejáveis, como aconteceu com os buggys, nessa mesma época. Aos poucos, os fabricantes de buggys que vendiam os kit, foram deixando de lado e já há algum tempo, todos os fabricantes só vendem o carro completo.

Ele poderia ter sido um sério concorrente ao Puma, tomando o lugar deixado pelo Lorena GT. Este nunca ameaçou as vendas do Puma, porque sua disputa era nas pistas. Nas ruas, o Lorena deixava muito a desejar, não tinha caixa de portas, as peças não se encaixavam perfeitamente e sérios problemas construtivos. O que ele tinha, o Lorena, era a beleza, com estilo do Ford GT 40. O Shark por sua vez, tinha esse mesmo estilo, só que um produto bem acabado pelo ótimo projeto.
Outras revistas também noticiaram o lançamento do Shark, como fez a Fatos e Fotos, edição do Salão do Automóvel de 1970.
Mesmo antes de decolar, o Shark foi transformado em vilão dois meses depois, nas páginas da revista Quatro Rodas, novembro de 1970, na seção "Painel" com o título: "Shark, um brasileiro de mentira?" Tudo porque falaram, que foi projetado no Brasil.
Não haveria nenhum problema dizer que era cópia do Avenger americano, ainda mais em uma época em que os "estilistas" brasileiros de automóveis ganhavam importância e força no mercado. Dizer que foi projetado no Brasil pegou mal. Se achavam que não iriam descobrir, pura infantilidade, afinal o Lorena GT de 1968, já era cópia do Ferrer GT americano e todos sabiam. Falar que foi projeto brasileiro para não pagar os "royates" não vejo possibilidade, porque mais cedo ou mais tarde os americanos descobririam.
Só saberemos da real história sobre o acontecido, se alguém da família um dia contar.
Independente desse acontecimento, analisando o veículo, vemos que teria feito sucesso muito grande no Brasil, se tomadas as diretrizes corretas, de acordo com o público brasileiro. Nos E.U.A., aq Fiberfab fabricante do Avenger GT-12 fez sucesso como Kit Car, porque norte-americano gosta de realizar seus projetos e personalizar veículos. No Brasil de modo geral, ao contrário, o brasileiro não tem tempo, dinheiro para comprar ferramentas e muito menos paciência e habilidade para tal serviço.
Mesmo sendo fabricado para utilização de motores a ar VW, os americanos se aventuram a instalar outros motores, como o caso da imagem abaixo, com um V8 entre eixos.
Voltando ao Shark, sabe-se que foram fabricados cinco ou seis unidades e diversas carrocerias, vendidas com nota fiscal, mas que nunca foram montadas.
Hoje, ouvimos em nosso meio, que ele irá ser fabricado novamente. Pelo que sei, uma pessoa copiou a carroceria e pretende fabricá-lo. O fabricante original, a Trivellato, não vai fazê-lo, por enquanto está montando dois carros da família.
O primeiro é um modelo exclusivo com alguns detalhes diferentes daquele que foi industrializado. Será vermelho vivo e está sendo montado em uma oficina em São Paulo.
Este Shark tem diversos detalhes norte-americano, como maçanetas, lanternas e suportes.
Duas personalizações da época, afinal esse Shark é do fabricante. As tomadas de ar para o interior do veículo com ventilação forçada e o teto solar dividido...
... Em duas partes, com tampas removíveis...
... Criando uma boa área de insolação/ventilação.
Internamente o console integrado ao painel e carroceria, formando uma peça única.
Outras diferenças são os vidros laterais traseiros - nem o americano tinha - e as pequenas tomadas de ar na coluna, como nos modelos americanos. O Shark brasileiro não tinha essa tomada de ar. As maçanetas de botão, como no americano.
Mesmo sem nenhuma peça montada, o Shark demonstra sua beleza.
Este outro Shark, que será dourado como aquele da revista. Este não tem o vidro lateral traseiro, as maçanetas são de Ford, as tomadas de ar para o interior do veículo são divididas, tudo exatamente como era o Shark 1970.
Internamente painel similar ao modelo americano, mas com um console abrangendo todo o túnel do chassi.
As lanternas traseiras eram as mesmas utilizadas nos caminhões do famoso refrigerante. Para-choques no estilo GT Malzoni do início ou Corvette.
Este Shark tem as rodas "palito" originais e as maçanetas da camioneta Ford. O para-brisa é do Maverick. Isto já era no Avenger. Para o Brasil a Trivellato teria que mandar fazer, pois o Maverick só chegou aqui em final de 1972.
Depois de 43 anos vamos ver nas ruas e exposições, aquele que não vendeu, mas ficou tremendamente famoso.