quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Reportagens (53) Corrida de Brasília 1968

Era comum, nos anos 60, os acidentes em pistas improvisadas, nas corridas que eram levadas por todo o Brasil. A pouca estrutura e falta de autódromos oficiais, com as devidas seguranças, deixavam muito a desejar. Nesse caso não foi diferente, pessoas próximas a pista, atravessando como se fosse uma avenida sem grande movimento. O engano dos pedestres era a velocidade dos bólidos em comparação com os carros de rua, muito maior, com a falsa sensação de segurança no atravessar, dificultando a presença do perigo.
Sei bem o que é isso, participei de uma corrida da extinta categoria Autocross, no autódromo improvisado do Heliopólis, organizado pelo saudoso Menon. Certa altura da corrida, bandeira vermelha, por causa de um atropelamento de um garoto na pista. A prova foi interrompida e posteriormente suspensa, por falta de segurança. Me dei bem, porque na hora da interrupção eu ainda estava em oitavo e consegui ainda receber um troféu. Falo ainda, porque larguei em quarto, mas meu motor estava ruim, com bem menos potência dos outros competidores e fatalmente chegaria entre os últimos.
Reportagem da Quatro Rodas de outubro de 1968, enviada pelo meu amigo Fernando Gusmão.

4 comentários:

Jovino disse...

Felipe, eu acompanhei automobilismo aqui em Brasília nas ruas da cidade de 68 até 1970, com a realização do último Mil quilômetros de Brasilia. Um ano ou dois depois, passaram a realizar as provas no autódromo improvisado do estacionamento do Estádio Pelezão. Alí até que era mais seguro, com quase que toda a pista protegida por pneus enfileirados.
Eu presenciei um acidente na entrada da estação rodoviária quando um DKW branco (de fábrica, se não me engano do Bob Sharp) colheu um espectador quando ele deu um passo para atravessar a rua e foi colhido violentamente e eu só vi o cara voar e rodar no alto.
Um dia destes, veio um amigo do Rio e eu fui lhe mostrar o circuito em que eram realizadas as 200 Milhas e 100 milhas de Brasilia e que passava pelo Hotel Nacional.
Aquilo era coisa de malucos apaixonados pois você era cercado por postes, árvores e público, que, com toda organização, era impossível conter quem queria atravessar a pista.
Mas para mim, foi a melhor fase do automobilismo brasileiro em que a paixão fazia com que os construtores de fundo de quintal aparecesse com os carros mais lindos e os mais bizarros também.
Jovino

Rui Amaral Lemos Junior disse...

Felipe , nas Mil Milhas Brasileiras em 1984 meu carro quebrou as 3 h e fui p/ casa , quando voltei pela manhã um fiscal amigo me contou do atropelamento de um rapaz que atravessava o "Retão" , um Maverick colheu-o a uns 200 km/h , metade ficou no cofre do motor e a outra na pista . Piloto e fiscais ficaram aturdidos .

Felipe Nicoliello disse...

Jovino,
Era assim mesmo, o automobilismo estava mais perto da gente e realmente um esporte. Hoje, tudo é negócio, não existe mais nada que seja feita na raça.
Rui,
Imagino como deve ter sido, e isso foi em 1984, só vinte e cinco anos. Até antes da grande reforma de Interlagos era comum pularem o muro do retão para entrar sem pagar, aí tinha que atravessar vários pontos da pista até chegar no boxe, principalmente em corridas noturnas. Hoje, acredito não acontece mais isso. Pista já é um perigo para os bandeirinhas, imagine ficar circulando.

Cesar Costa disse...

Este Malzoni era do Casari, né? Pena ninguém se aventurar a fazer uma "recriação". Acho que foi o Malzoni que mais provas venceu e como foi vendido para um cara de Brasília, pode ter sido antes ou depois dessa corrida...